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Será que Amor? Como identificar se você está em um relacionamento abusivo.

Por Juliana Carvalho  OAB/BA 65.515 – Instagram: @carvalhojulianaadv

No mês de abril de 2020, exatamente quando demos início ao isolamento social em consequência da pandemia, o número de denúncias de violência contra a mulher registradas através do 180, teve um acréscimo de quase 40% em referência ao mesmo período de 2019, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH). Insta salientar que, que nessa pandemia as mulheres permanecem por mais tempo com agressores, o convívio diário ficou mais longo, sentindo-se estas encurraladas.  Sabe aqueles momentos de “liberdade”? Como o momento de levar o filho para a escola ou o afastamento de quando o namorado, marido ou companheiro sai para trabalhar, ou fazer uma social com os amigos.  Não existe mais. Assim, embora tenha ocorrido o aumento de denúncias, o aumento desta foge das estatísticas dos órgãos de segurança pública. Ocorre que devido ao isolamento, a vítima tem se isolado do convívio social, ficando assim, refém do agressor e consequentemente impedida de registrar um boletim de ocorrência na DEAM (Delegacia. Especializada de Atendimento à Mulher). Desta feita a redução de boletins de ocorrência e processos judiciais   não corresponde à realidade das agressões. .

O que é um relacionamento abusivo?

Uma relação abusiva, é aquela em que prevalece o domínio exagerado de um sobre o outro, a começar por atitudes, ações e palavras que constrangem, humilham e limitam. Em um relacionamento abusivo, existe pelo menos um destes tipos de violência; emocional, verbal, sexual, psicológica, física, financeira, bem como a violência tecnológica (esta vai desde controle das redes sociais da vítima até a obsessão pelas senhas das redes sociais e controle das conversas, curtidas, e amizades).

Infelizmente, os relacionamentos abusivos são mais comuns do que imaginamos. Todavia, costumam passar despercebidos, isso porque na maioria das vezes o abuso vem disfarçado de cuidado, e a vítima desse abuso se sente cada vez mais em dívida e culpa perante o outro.

O abusador tira o poder social da vítima principalmente com pessoas que teriam condições de alertá-la respeito do relacionamento abusivo.  Na grande maioria isso acontece de forma sutil, como comprando propositalmente uma casa lá do outro lado da cidade, ou falando que as amigas não prestam. As coisas vão se escalando e a última etapa, em alguns casos, é o feminicídio, ou seja, quando essa mulher é morta.

Como saber se estou em um relacionamento abusivo?

Existem sinais de relacionamento abusivo que são comuns e que são capazes de ajudar a discernir se você está inserido nesse contexto. As vezes os aspectos acontecem simultaneamente, há casos em que pode ocorrer um ou outro, mas o mais importante é você conseguir se avaliar nessas questões.

Segundo especialistas, o relacionamento abusivo é constituído por três fases, e uma delas é exatamente o que os especialistas chamas de lua de mel.

  1. A primeira fase, segundo, é a tensão. “É quando a mulher vai cedendo: não corta o cabelo porque ele disse pra não cortar, troca a roupa que ele pediu, vai perdendo a identidade.”
  • A segunda fase é a da crise. “É quando tem briga e mais escalonamento da violência, é quando ela é xingada ou sofre abuso físico ou sexual.”
  • A terceira fase é a lua de mel. “São conversas íntimas, sexo intenso, é quando ele promete que vai mudar.” (Mas nunca muda, e o ciclo vicioso se repete)

Se você conseguiu fazer uma alto analise e se identificou com este conteúdo, busque ajuda. É importante destacar que é quase impossível sair de um relacionamento abusivo sem algum tipo de intervenção, seja uma terapia, seja através de uma amiga ou até mesmo por interferência policial. Ei…não aceite menos do que você precisa, menos do que você pode e merece. Não lute por quem não quer lutar junto com você, não perca seu tempo exigindo algo que você não vai receber em troca e jamais se submeta às situações que não fazem parte do seu querer. Às vezes as pessoas esquecem os seus valores na falsa sensação de conquistar alguém ou algo. Se for para esquecer, esqueça tudo aquilo que não fará bem a você!

Caso tenha identificado alguma amiga vítima de um relacionamento abusivo, ajude-a. Não julgue, não cobre, não pressione, apenas ofereça ajuda, e saiba que quando a gente ajuda uma mulher nesse contexto pode ser que o tempo dela não tenha chegado ainda, mas saiba que você plantou uma sementinha e ela saberá que pode recorrer a você. Seja o tipo de mulher que levanta outras mulheres, embora sejamos donas de uma força inacreditável, a sociedade ainda insiste em fazer mulheres incríveis desacreditarem de suas capacidades.

Voz de Feira: Quem é Juliana Carvalho?

Juliana Carvalho: Bom dia Cloves Pedreira, eu sou Advogada Criminalista, assessora parlamentar na Câmara Municipal de Feira de Santana, pós graduanda em direito penal e processo penal, natural da cidade de São Paulo, criada no bairro da Queimadinha.

Estudante de escola pública. Formada pela FTC – Faculdade de Tecnologia e Ciência.

Mãe de uma menina. Filha da enfermeira Maria das Graças (pai e mãe). Tenho um irmão.

A minha trajetória de vida, foi construída enfrentando muitas adversidades, quase passei fome, poderia ser apenas mais uma na estatística da criminalidade, uma vez que em meio a tantas dificuldades, surgiram oportunidades de ingressar no mundo do crime, todavia optei por estudar. Já sofri muito preconceito por ter como referência um bairro periférico, mas hoje sinto que valeu muito estudar, trabalhar, e manter a dignidade que todo ser humano precisa observar como prioridade em suas vidas, como consciência do próprio valor

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