Quatorze dias após a data marcada para o governo começar a pagar a segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600, sequer foi anunciado o calendário para o início da compensação aos brasileiros mais prejudicados pela crise econômica, causada pela pandemia do coronavírus. O atendimento não tem chegado à população. A taxa de rejeição é muito alta, pelos números divulgados pela Caixa Econômica Federal. No Cadastro Único, dos 32,1 milhões inscritos, 10,5 milhões foram aceitos (os outros estão “inelegíveis”). Pelos aplicativo e site, dos 44,9 milhões de pedidos processados, 20,3 milhões conseguiram.
Por meio de nota, a Caixa informou que “está preparada para o crédito
da segunda parcela do auxílio emergencial e aguarda a definição de um
novo calendário por parte do Ministério da Cidadania”. No entanto,
destacou que a responsabilidade pela análise de quem está apto é da
Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev). De acordo
com a Dataprev, 13,6 milhões de necessitados ainda estão fazendo
ajustes no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e 10,7 milhões não
atenderam os requisitos (alguns têm vínculo empregatício ou ganham outro
auxílio do governo federal, como aposentadoria e pensão). Procurado
pelo Correio, o Ministério da Cidadania não se manifestou até o
fechamento desta edição.
Durante audiência pública remota do
Senado Federal, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, destacou que 3,5
milhões de pessoas ainda não sacaram a primeira parcela do auxílio de
R$ 600. “Dos 50 milhões aprovados para receber o benefício, 94% já
receberam o dinheiro e 6% continuam com o valor no banco por algum
motivo”, informou. Isso porque cerca de 7 milhões não conseguem usar o
aplicativo sozinhos, não têm acesso e precisam de ajuda, admitiu.
Desde
9 de abril, início do pagamento, R$ 35,5 bilhões foram creditados para
50 milhões de pessoas e 94% dos beneficiários fizeram algum tipo de
movimentação, disse Guimarães. A Caixa esclareceu, também, que não é
necessário madrugar em filas. Todos as pessoas que comparecerem às
agências 8 horas e 14 horas serão atendidas no mesmo dia.
Novo aplicativo
Para
explicar por que muitas pessoas não conseguem acessar o sistema, o
banco divulgou que uma nova versão do aplicativo. Segundo explicou a
Caixa, os beneficiários que recebem pela poupança social digital
precisam fazer a atualização na loja de aplicativos para ter acesso às
novas funcionalidades. Além da alternativa para saque sem cartão, a nova
versão permite maior número de acessos simultâneos. A capacidade
inicial do aplicativo era em torno de 200 mil conexões simultâneas.
Agora, foi ampliada para 500 mil conexões simultâneas.
A Caixa
lembrou, ainda, que os beneficiados que optarem pelo o saque em espécie
devem gerar um código autorizador (com validade de duas horas) pelo
Caixa Tem e ir à agência ou casa lotérica para a retirada. Para o saque,
é preciso apesentar o CPF e documento de identificação com informações
de nome, data de nascimento, filiação, assinatura – com número, órgão
emissor, data e prazo de validade. Serão aceitos Carteira de Identidade,
Carteira Nacional de Habilitação (CNH); Registro Civil de Nascimento
(RCN); Carteira de Trabalho e Previdência Social; carteira funcional de
repartições públicas ou de órgãos de classe de profissionais liberais; e
passaporte brasileiro, dentro do prazo de validade.
Seguro-desemprego tem alta de 22%
Os
pedidos de seguro-desemprego cresceram 22,1% em abril de 2020 (748.484)
em relação ao mesmo mês de 2019 (612.909), segundo dados do Ministério
da Economia divulgados ontem. A maioria dos beneficiários é homem
(57,1%), entre 30 a 39 anos (33,1%), com ensino médio completo (62,4%).
Em relação aos setores econômicos, serviços saiu em primeiro lugar, com
41,6% das solicitações, seguido por comércio (27,7%), indústria (19,9%) e
agropecuária (3,7%). São Paulo (217.247), Minas Gerais (85.990) e Rio
de Janeiro (58.945) tiveram maior proporção de requerimentos
presenciais. Pela internet, foram Amazonas (98,9%), Acre (98,5%) e Rio
de Janeiro (97,8%). Entre janeiro e abril deste ano, 2.337.081
trabalhadores formais recorreram ao seguro-desemprego, o que representa
alta de 1,3% em comparação com o acumulado no mesmo período de 2019
(2.306.115).